A EDUCOMUNICAÇÃO EM DIÁLOGO COM A NATUREZA DA CRIANÇA
Doutoranda em Sociologia da Infância pela Universidade do Minho
A criança é pessoa, com criatividade e poética. É um sujeito de sentimentos, com direitos e deveres que lhe formam e transformam. A gramática infantil compreende e interpreta como as crianças negociam, partilham e criam culturas infantis (Sarmento, 2004). Elas podem reinventar e reproduzir o mundo. São plenas e inspiradas, capazes de propor ideias e desafios para a sociedade (Corsaro, 1997). Sua emotividade e criatividade surgem naturalmente quando são protagonistas de projetos coletivos que envolvem a natureza e onde o trabalho cooperativo e inclusivo fazem parte de ambientes de bem-estar emocional (Laevers, 2011). Com o apoio das autoridades do Município de Ponte de Lima, no norte de Portugal, 150 crianças de 08 a 10 anos de idade, integrantes da Rede Escolar, foram convocadas para a execução de ações de sensibilização e expressão de sua cidadania infantil através da “educomunicação”. O uso da Metodologia de Participação com Crianças, definido como multi-metodologia (Christensen, 2011), permitiu a observação, a interpretação e o estabelecimento de relação ativa e cooperante com as crianças. Alguns resultados confirmaram a presença de um modo de sentir próprio e de uma afetividade particular. “Tornar-se amoroso” e responsável com o pensamento, a palavra e a ação, consigo mesmo, com o semelhante, com o ambiente natural e construído é uma prioridade para o mundo adulto. Esses comportamentos surgem a partir de ações sistemáticas de sensibilização e de constantes processos experienciais que ofereçam às crianças a oportunidade de serem escutadas e respeitadas. Ser, viver e participar é uma consequência do agrado da convivência, do sentir a proximidade e uma meta “com o outro e para o outro” (Freire, 2006).
Palavras-chave: criança; natureza; educomunicação; palavra; poética infantil.
EDUCOMMUNICATION IN DIALOGUE WITH THE CHILDREN’S NATURE
ABSTRACT : Children are people, with creativity and poetics. They are subject of feelings, with rights and duties that form and transform them. Children’s grammar understands and interprets how children negotiate, share and create children’s cultures (Sarmento, 2004). They can reinvent and reproduce the world. They are full and inspired, capable of proposing ideas and challenges for society (Corsaro, 1997). Their emotionality and creativity come naturally, when they are protagonists of collective projects that involve nature and where cooperative and inclusive work are part of emotional well-being environments (Laevers, 2011). With the support of the authorities of Ponte de Lima Municipality, in the north of Portugal, were summoned 150 children from 08 to 10 years old, members of the School Network, to carry out actions to raise awareness and express their children’s citizenship through “educommunication”. Was allowed to observe, interpretation and establishment of an active and cooperative relationship with children, using the Participation Methodology with children, defined as multi-methodology (Christensen, 2011). Some results confirmed the presence of a way of feeling itself and of a particular affectivity. “Becoming loving” and responsible with thought, word and action, with oneself, with others, with the natural and constituted environment is a priority for the adult world. These behaviors arise from systematic awareness actions and constant experiential processes that offer children the opportunity to be heard and respected. Being, living and participating is a consequence of the pleasure of coexistence, feeling proximity and a goal “with the other and for the other” (Freire, 2006).
Keywords: child; nature; educommunication; word; children’s poetics