A CIDADE DO MEU TAMANHO: EXPLORAÇÃO DO ESPAÇO DA BRINCADEIRA POR CRIANÇAS EM BRAGA
Leonardo de Albuquerque Batista
Doutorando e Sociologia da Infância pela Universidade do Minho
As crianças necessitam de autonomia e oportunidades para poder interagir com outras crianças e com os elementos que compõem os espaços públicos. Para resgatar a cidade e devolver-lhe seu sentido coletivo, a participação das crianças, abertamente convocada, resulta em um contributo valioso para o exercício da cidadania infantil. Elas são atores sociais determinantes, com sua voz, poder e ação (Corsaro, 1997). São pessoas plenas, capazes de propor ideias a diferentes cenários e oferecer alternativas desafiantes à sociedade. O presente estudo consistiu no estímulo à intervenção de crianças sobre espaços públicos próximos às escolas com o propósito de reconquistar lugares propícios para a brincadeira e a convivência. A conquista desses espaços ocorreu durante o horário dos recreios escolares, assim como em outros momentos e espaços da vida quotidiana das crianças. Como resultado do trabalho iniciado em 2012, foram obtidas propostas de 25 crianças de uma escola de Braga, em Portugal, surgidas no marco de uma série de passeios exploratórios feitos pelas ruas da cidade. Os diálogos entre pares, manifestados em entrevistas e quadros de observação revelaram desejos de poder brincar e explorar praças e largos próximos à escola. A metodologia utilizada nos encontros com as crianças envolveu participação, diálogo e descrições etnográficas de seus comportamentos frente aos lugares percorridos. As crianças caracterizam-se por viver a plenitude do universo lúdico, com criatividade e imaginação. Elas assumem, com agrado, compromissos e desafios que valorizam sua participação, especialmente quando permitem sua liberdade de ação e sentem-se confortáveis e seguras. É notório o conhecimento de que a criança tem sofrido fortes restrições à sua autonomia para brincar, jogar e usufruir da cidade e de seus elementos naturais, como árvores e recursos que permitam a invenção e reinvenção de brincadeiras. A rua e o bairro que outrora representaram, para muitas gerações, lugares de brincadeira, socialização e identidade, desaparecem progressivamente da cultura infantil e com ela, desaparece a oportunidade do relacionamento de crianças com seus contextos sociais, culturais e ambientais (Neto, 1997). Há que induzir à sociedade a dialogar e pensar sobre a importância e necessidade do brincar da infância na cidade (Tonucci, 1997).
Palavras chaves: Criança, cidade, cidadania infantil, brincar.
MY SIZE CITY: EXPLORATION OF THE PLAYER SPACE BY CHILDREN IN BRAGA
ABSTRACT : Children need autonomy and opportunities to be able to interact with other children and with the elements that compose public spaces. In order to rescue the city and give it back its collective meaning, the participation of children, openly convened, results in a valuable contribution to the exercise of children’s citizenship. They are determinant social performer, with their voice, power and action (Corsaro, 1997). They are full people, capable of proposing ideas in different scenarios and offering challenging alternatives to society. The present study consisted of stimulating the intervention of children in public spaces close to schools with the purpose of regaining favorable places for play and coexistence. These spaces were conquered during school recess hours, as well as at other times and spaces in the children’s daily lives. As a result of the work started in 2012, proposals were obtained from 25 children from a school in Braga, in Portugal, which emerged as part of a series of exploratory tours through the streets of the city. The dialogues between peers, manifested in interviews and observation boards, revealed desires to be able to play and explore plazas and squares near the school. The methodology used in the meetings with the children involved participation, dialogue and ethnographic descriptions of their behavior in relation to the places visited. Children are characterized by living the fullness of the playful universe, with creativity and imagination. They gladly take on commitments and challenges that value their participation, especially when they allow their freedom of action and feel comfortable and safe. It is well known that the child has suffered strong restrictions to his autonomy to play, play and enjoy the city and its natural elements, such as trees and resources that allow the invention and reinvention of games. The street and the neighborhood that once represented, for many generations, places of play, socialization and identity, gradually disappear from children’s culture and with it, the opportunity of children’s relationship with their social, cultural and environmental contexts disappears (Neto, 1997) . It is necessary to induce society to dialogue and think about the importance and necessity of playing childhood in the city (Tonucci, 1997).
Keywords: Child, city, children’s citizenship, playing.