DIÁRIO DE VIAGENS ENTRE EUROPA E ÁFRICA: REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS E TEXTUAIS DE LOCAIS (IN) VULGARES EM TRAÇOS DE VIAGEM
Lívia Vivas 1
Doutoranda em Ciências da Cultura pela Universidade do Minho
Nenhum viajante vê nada verdadeiramente visto. Vê o que leu e ouviu, lê o que viu e sentiu. Ao escrever ou desenhar imaginadas realidades exóticas, finge esquecer que não há outra realidade que não a da ficção partilhada.
Manuel João Ramos (2009, p. 135-136)
A história de cada um é traçada pelos lugares por onde passou.
Nelson Brissac Peixoto (n.d. apud Moreira, 2008)
Uma vez que o gênero
‘literatura de viagens’ consolida-se no ato de descobrir e na necessidade
pragmática de registrar rotas, condições atmosféricas, confrontar-se com
instantes que nos permitem escapar ‘às ilusões de uma realidade sedentária’ e
todos os elementos que possam facilitar a compreensão dos percursos efetuados,
a obra Traços de Viagem: experiências
remotas, locais invulgares, do escritor português Manuel João Ramos,
sucintamente retratada nessa análise, apresenta, através das narrativas sobre
as suas mais diversas viagens, relatos que alargam a simples notação descritiva
em direção a pequenos segmentos narrativos surpreendentes que demonstram a
relação entre o sujeito perceptivo e os lugares que revela, através não apenas
dos escritos, mas sobretudo das ilustrações, que atribuem autentificação às
narrativas de teor essencialmente descritivo e suscitam o interesse pelas
imagens de múltiplos e distintivos povos ao longo dos percursos, a partir do
olhar peculiar do autor, direcionado a cada destino visitado.
[1] Bolsista do Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES